Em pleno período de vacinação contra a febre aftosa em rebanhos bovinos no Brasil, é importante lembrar não só dos efeitos sanitários e regulatórios para a produção.
Você sabia que uma vacinação fora dos protocolos sanitários pode acarretar prejuízos na hora do abate? A maior parte do País concentra o procedimento nos meses de maio e novembro, segundo recomendação do MAPA, então ainda dá tempo de fazer o manejo correto!
Agora, quais as perdas econômicas que a vacinação pode causar por abcessos nas carcaças? A seguir, discutiremos quanto de lucro perdemos por esses abcessos causados pela contaminação e quais práticas são importantes na hora de realizar esse manejo.
Você sabe qual é o protocolo recomendado para a realização da vacinação da aftosa? Uma prática simples pode aumentar o lucro, ou seja, diminuir os descontos no frigorífico e melhorar o rendimento do animal abatido.
E os animais de reposição? Na compra de animais, a seleção dos que não têm abcessos aparentes, evita a perda de rendimento na hora do abate, saiba mais a seguir!
Afinal, o que é febre aftosa?
A febre aftosa é uma das doenças infecciosas mais contagiosas dos animais e acomete os biungulados (de casco fendido, ou duas unhas) como: bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Apesar disso, não apresenta muitos riscos para o ser humano.
A enfermidade causada por vírus tem alta capacidade de proliferação. O vírus se dissipa pelo contato entre animais doentes e em pouco tempo comprometem o rebanho inteiro. Isso porque o vento pode transportar o vírus, contaminando o solo, água, vestimentas, veículos, aparelhos e instalações.
Nos bovinos, os efeitos são severos, pois afetam diretamente a alimentação, com lesões ulcerativas na boca e nos membros, podendo levar os animais à morte.
Além dos efeitos citados, a doença afeta a exportação de carne, já que os países compradores têm critérios rigorosos quanto à qualidade do produto. Daí se dá a importância da vacinação para prevenção e erradicação da doença, além de preservar a qualidade do produto brasileiro que abastece praticamente o mundo todo.
Histórico da aftosa no Brasil
O primeiro caso oficial de febre aftosa no Brasil, segundo o MAPA, foi em 1885 no estado de Minas Gerais, vindo de animais importados da Europa. Enquanto o Ministério da Agricultura surgiu em 1909. Só em 1951, foi criado o Panaftosa (Centro Pan Americano de Febre Aftosa).
O último caso de aftosa no Brasil foi no ano de 2006, no Mato Grosso do Sul. Já no ano seguinte o estado de Santa Catarina foi reconhecido internacionalmente livre da Aftosa sem vacinação.
Em 2017, o MAPA apresentou o Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), para erradicar esta doença. O que tem causado bastante discussão entre os agentes do setor.
E em 2018, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) declarou o Brasil livre de febre aftosa com vacinação, abrindo novas perspectivas para o maior exportador de carne bovina do mundo.
Abscesso vacinal, já ouviu esse termo?
Os abcessos infecciosos são causados pelo manejo incorreto de vacinação. Quando um tecido do corpo é afetado por algum agente externo, as células de defesa (leucócitos) reagem e atacam o invasor, resultando em pus (bactérias e leucócitos vivos e mortos, tecido necrosado e outras substâncias).
Segundo a nota técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), a formação de abscessos, hematomas ou reação granulomatosa em bovinos após uso da vacina oleosa contra febre aftosa deve ser evitada, pois implica em lesões inflamatórias.
Vale lembrar que abscesso é diferente das reações das vacinas que ocorrem naturalmente pelo processo de vacinação, tanto em animais como em humanos. Estas reações, podem ser absorvidas com o tempo pelo próprio organismo do animal.
Redução da dose, você sabia?
A dose da vacina passou de 5ml para 2ml nesta primeira fase de vacinação (maio/19) na maioria das regiões brasileiras, conforme previsão do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA).
Segundo o órgão, a diminuição da dose poderá reduzir o inchaço e os caroços em função da menor quantidade aplicada, especialmente do componente oleoso.
Esse componente tem a finalidade de promover imunidade mais longa, mas, é também um dos principais responsáveis pela indução de reações do tipo alérgica no local da aplicação.
Além disso, os frascos menores facilitarão o transporte e refrigeração dos produtos, beneficiando pecuaristas e laboratórios.
As grandes perdas econômicas por abscesso!
Esses abscessos resultam em perdas e grandes prejuízos tanto aos criadores quanto aos frigoríficos.
Durante o corte das carcaças nos frigoríficos, tais lesões devem ser retiradas e respeitado uma margem de segurança. Com o descarte desta parte da carne, o criador não recebe e o frigorífico não poderá comercializá-la.
Para entender melhor esse prejuízo, buscamos alguns estudos e experimentos que acompanharam o abate dos animais, onde encontramos números alarmantes.
Segundo Lusa et al. (2016) em seu trabalho, com 5225 animais, 98% das carcaças analisadas apresentaram algum tipo abscesso, totalizando um prejuízo total de R$ 29.978,75.
Complementando as informações anteriores, Leal et al. (2014) em sua pesquisa analisou 5.000 bovinos vacinados, por via subcutânea, durante a campanha de maio de 2012. No lote acompanhado, o prejuízo total, na época, foi de 222@, que se convertido para o preço da arroba atual em SP, alcançaria R$ 34.321,2.
Conclusão
Mesmo com o Plano Estratégico do Programa Nacional de Febre Aftosa, para suspender a vacinação da febre aftosa no Brasil, teremos vacinação até o primeiro semestre de 2021.
Deste modo, a vacinação correta, seguindo o protocolo de boas práticas pode evitar grandes perdas econômicas tanto para frigoríficos, quanto para produtores.
Então, se você já vacinou seu rebanho, utilize essas dicas para a próxima campanha. E se você ainda não vacinou, sigam os procedimentos e evite as grandes perdas econômicas, afinal queremos mais lucro, não é mesmo?
Qual a sua opinião sobre a retirada da vacinação? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!
Autor: Renato Prodoximo | Colaboradores: Pedro Lima e Marcos Iguma | Edição: Gabriela Estevam