Opinião | Abeaa | Março 2023
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Sequelas da Pandemia x Desenvolvimento Urbano x Impacto Ambiental

15/04/2023

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Eng. Civil, Arquiteto e Urbanista e Diretor da ABEAA, Luís Franco

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Passados aproximadamente três anos e três meses do primeiro caso de COVID–19 no Brasil e com mais de 660.000 mortos, enfrentamos agora uma esteira de incerteza no mercado denominado novo normal, nome simpático para o período pós-pandêmico, mas que representa para o meio ambiente, o mercado imobiliário, a construção civil e a agronomia, um renascimento, se olharmos sob um prisma otimista.

As cidades estão mudando a maneira de lidar com os profissionais da área tecnológica. Se em 2019 era por questões ambientais ou para reduzir a burocracia e aumentar a celeridade nas análises das demandas, nos dias atuais o recebimento dos processos e projetos, de forma integralmente digital, virou uma questão de saúde pública, pois existe, ainda, algum medo da contaminação por contato direto ou falta de necessidade desse contato. É o que acontece em Santana de Parnaíba, em São Paulo, Barueri, Guarulhos e outras tantas cidades na região metropolitana. Não sei se realmente é um avanço, se é melhor ou mais rápido, mas certamente é algo diferente, uma nova experiência no trato de documentos, com expedientes e protocolos muito distintos de prefeitura para prefeitura; longe de uma padronização. O fato interessante é que mesmo sem um período gradual de transição entre o desenho impresso e o digital, entre o papel ofício e o PDF, e mesmo com a pandemia, não houve redução efetiva na ocupação do solo. As cidades estão crescendo vertiginosamente e de forma acelerada, tanto com imóveis habitacionais, como, também, de comerciais e de serviços. A ocupação de áreas, outrora ermas, com terrenos baldios e estradas vicinais e pouco comércio local, está aumentando com novos condomínios, centros comercias e vias pavimentadas. Neste ritmo de crescimento imobiliário teríamos que acompanhar simultaneamente com a mesma velocidade e cuidado com o meio ambiente, a preservação da fauna (de animais silvestres) e flora (de espécimes arbóreos raros ou nativos), adequando a infraestrutura de saneamento básico, sistema viário, mobiliário urbano, transporte público e por último, mas crucialmente decisivo, o ambiental. E não é exatamente isso que ocorre. A circunstância regional, a especulação imobiliária e o déficit habitacional são mais fortes e importantes que o respeito ao meio ambiente, que os fluxos de documentos, e o preparo urbano para atender de forma adequada esse crescimento. As pessoas migram de áreas como o centro de São Paulo, que possui infraestrutura, e seguem os lançamentos imobiliários, nessa dinâmica. As incorporadoras puxam os demais vagões como uma locomotiva, e é aí que mora o perigo, pois os mecanismos jurídicos, que balizam essas atividades, possuem ritmo próprio, ou seja, o agente regulador, nesse caso o Estado, não consegue equalizar essa janela de distanciamento e praticidade que o mercado imobiliário impõe à área tecnológica; as leis não foram alteradas. O período pós pandêmico impôs uma celeridade a todos os profissionais da área técnica, tanto no meio público, como no privado, para adequação do espaço urbano: seja com saneamento (água e esgoto), sistema viário, segurança pública, seja com praças e áreas de lazer, com escolas e hospitais, para atender prontamente uma demanda habitacional reprimida e respeitando as leis ambientais, ou seja, um verdadeiro malabarismo na engenharia, na arquitetura e no urbanismo. Camuflado com a celeridade digital está a falta de observância da legislação ambiental, a exemplo disto se observa o aumento exponencial de invasão de quatis e saruês nas lixeiras dos residenciais e edifícios de Alphaville. Todos, sem exceção, vivem essa nova circunstância. O crescimento ordenado e sustentável da cidade precisa obedecer critérios técnicos complexos, de acordo com os órgãos ambientais sérios, como o CREA SP, IBAMA, CETESB, ICM Bio, DAEE, estabelecidos nos planos diretores municipais, leis orgânicas dos municípios, estatutos e no plano regional metropolitano, que integra esses municípios conurbados com ordenamento jurídico, mecanismos eficientes de aprovação e implantação de equipamentos públicos. Em suma, sincronismo, organização e civilidade entre todos os atores, assim deveremos agir. Mesmo na Pandemia temos que trabalhar firme e de forma inteligente para que as cidades sejam espaços seguros e saudáveis. Lembrete: para serviços técnicos, contrate sempre um profissional habilitado e exija a emissão da ART Anotação de Responsabilidade Técnica do CREA SP.

Ano Novo Problemas Velhos

20/03/2023

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Eng. Civil, Arquiteto e Urbanista e Diretor da ABEAA, Luís Franco

Com anos de atraso o Governo do estado de São Paulo recentemente anunciou três metas pra três desafios que visceralmente são pertinentes a nossa área de trabalho:
1.    Inauguração da Linha Laranja do Metrô e da Linha Ouro da CPTM (monotrilho).
2.    Universalização dos sistemas de Saneamento com 99,9 % da população atendida pelo abastecimento de água e 90 % de coleta e tratamento de esgoto.
3.    Conclusão do trecho norte do Rodoanel Metropolitano.

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Todos nós, ainda que de maneira intuitiva, temos a cada começo de ano a sensação de caderno novo, de página em branco e traçamos literalmente ou não um certo conjunto de ações que possibilitem uma melhor qualidade de vida para nós ou para nossos conviveres. Com um novo governo não é muito diferente esse fluxo; existem mecanismos similares a uma lista de compras, porém com o dinheiro alheio. Ocorre que se você se propuser a realizar tais tarefas o fará com seus recursos ou dos seus familiares e amigos; nessa diferença é que entram a competência e a ética como lubrificantes na engrenagem, seja pessoal, privada e de maneira mais importante na esfera pública. Ano novo Chinês, Fiscal, Judeu e Judiciário...e também o Gregoriano, mas ainda um pouco antes do Carnaval. Réveillon de matizes múltiplos, Feliz Ano Novo, Mazal Tov, Ganbatte Kudassai, Aloha, Zhu ni Hao Yun. Muitas dessas expressões não se resumem a uma simples boa sorte de início de ano, elas são muito mais duras literalmente pois ensejam subliminarmente: preparo, esforço ou dor, posicionamento ou local e por último solidariedade. Isto mesmo, essas boas sortes pregam que invariavelmente para que se você deseja ter boa sorte basta você se planejar, estudar muito, trabalhar muito, tudo isso no lugar certo, e por fim ser generoso com o produto do seu êxito, ou seja, não é fácil ter boa sorte para algumas civilizações. E eles levam a sério isso. Londres tinha três anéis, viários metropolitanos em 1946 no pós guerra. Isto mesmo, três rodoanéis semelhantes a esse que não conseguimos completar ou fazer direito desde 1999. Em Israel ou nos Emirados Árabes, com solo desértico, não há crise hídrica que nós enfrentamos quase todo verão. Boate KISS, deslizamentos de terra em Petrópolis, Brumadinho, Mariana, etc... São inúmeras as mazelas, infortúnios, tragédias e desastres que somos submetidos por falta de seriedade e competência de pessoas e profissionais da área tecnológica. Sim, infelizmente temos muitos colegas que contribuíram sobremaneira para que essas tragédias acontecessem. Tive que dar sequência no assunto Saneamento Básico na Região Metropolitana de São Paulo, felizmente, graças a La Niña, o fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico Sul e consequente incremento significativo no volume de chuvas aqui na Região Sudeste do Brasil. Não iremos falar sobre falta de água e sofrer com a seca neste inverno. Em contrapartida, agora no verão, estamos tendo como sempre, primeiro na Região Norte, na Bahia, depois Minas e Rio de Janeiro e agora precisamente em São Paulo, deslizamentos de terra, alagamentos, desabamentos e diversos transtornos diametralmente opostos à falta de água, com mortes, desabrigados, prejuízos vultuosos em estradas, linhas de trem, equipamentos públicos, mobiliário urbano, patrimônio histórico, saneamento e infraestrutura em geral. A meta, no entanto, do Sr. Tarciso nosso paulista da gema e governador, sua obrigação e compromisso é zerar o déficit no abastecimento público e tratar 90 % dos efluentes domésticos e industriais. Nem Lewis Carroll, Franz Kafka ou George Owell respectivamente em Alice no Pais das Maravilhas, em A metamorfose ou em 1984 / Revolução dos Bichos, foram tão sonhadores, tão incautos ao elaborar tamanho enredo com final absurdo. Tive bons amigos judeus na infância em São Paulo e no Guarujá, onde fui alfabetizado, o qual me atrelou a água salgada eternamente em Ubatuba na adolescência. Sou um admirador da filosofia e postura judaica, do respeito ao mar e a vida marinha, diante de alguns eventos, com eles, tive a oportunidade de conhecer o conceito do Mazaltov, e seu significado mais profundo, etimologicamente composto por tempo, preparação (estudo), circunstância, oportunidade e coragem associadas à sorte. No popular Mazaltov significa boa sorte ao recém circuncisado, mas embute toda essa sequência de situações análogas que seguramente favorecem à boa sorte. Um Rabino sabe explicar letra a letra eu apenas vou me concentrar em duas: preparo e coragem pois são as que mais estão à nossa interface direta, ao nosso alcance propriamente dito. No surf, Body Surfing “jacaré”, Judô, no Kung Fu, Karate, Muay Tai, Jiu Jitsu, esses dois atributos, preparo e coragem, juntamente com a disciplina, são os pilares para a obtenção de resultados. Sou praticante eventual de Surf, Body Surfing, Jiu Jitsu e Judô e sofro por não ser tão dedicado e não observar essas 3 posturas fundamentais para qualquer esporte marinho ou arte marcial oriental. Hoje, (março de 2023), dez anos após o incêndio na Boate KISS, três anos da avalanche de resíduos em Minas Gerais em Brumadinho, e quase um ano depois do acidente com desabamento de duas faixas de rolamento na Marginal do Rio Tietê causado por um rompimento de um Interceptor ITI 06 (uma tubulação de grande porte da SABESP que transporta esgoto gerado por grande parte da região oeste e norte da capital até a ETE Barueri), uma coisa é certa: era para ter sido evitada e dava para ter sido evitada. A empresa que está executando esta obra da Linha 6 Laranja do Metrô é a espanhola Accioli, mega empresa de construção civil e infraestrutura urbana, que está construindo a estação Santa Marina na Freguesia do Ó. Contextualizando, pra ter uma ideia do calibre dessa tubulação, pensemos que o esgoto sai das residências em um ramal, cai numa rede coletora de pequeno porte, vai para a coletora de médio porte, tem seu despejo em um coletor tronco, normalmente adjacente a um córrego ou rio de pequeno volume, e só depois esse esgoto é lançado no interceptor, normalmente com mais de 2 metros de diâmetro e que se direciona diretamente pra Estação de Tratamento de Esgoto, as famosas ETEs. Neste caso o interceptor ITI vai pra ETE Barueri, antigo SANEGRAN. Não se sabe ainda qual foi o fato gerador, se a tubulação rompeu e destruiu a estrutura da estação ou se a obra da estação destruiu a tubulação. Não importa agora, o problema é a vazão de esgoto de 1m³ por segundo de esgoto lançados diretamente no túnel do metrô; tem que estancar isso urgente. Precisa plugar com concreto tudo quanto é abertura nesta estação. Uma equipe multidisciplinar com profissionais dispostos a varar noites sentindo o cheiro de esgoto, e até mergulhando neste esgoto pra resolver essa tragédia operacional, trabalhando com desvio de tráfego, interrupção dos lançamentos de esgotos neste interruptor, redesenhando os traçados da linha 6 laranja do metrô e da tubulação da Sabesp, pois ambos os trechos estarão cheios de concreto com esgoto, inutilizados. Só a perícia saberá dividir as responsabilidades. Por sorte não houve nenhuma morte como no desabamento da Estação Pinheiros da Linha 4 Amarela, mas muito similar, um solapamento, um desmoronamento parcial, com vultuoso volume de terra não contida descendo e levando parte do leito carroçável, do passeio público e instalações do canteiro de obra da Accioli. A Dra., Sra., V. Exma., Ministra Rosa Weber, que substituiu o Mestre, Professor Luis Fux, presidente do STF e faixa coral de Jiu Jitsu, ainda não abriu os trabalhos do Ano Judiciário. Oficialmente será em breve aberto com discurso coerente com o momento em que vivemos, com invasão aos domicílios e aposentos dos três poderes em Brasília, politicamente devastada com intervenção, e um puxão de orelhas velado ao Ex-Presidente e beija mão no Atual Presidente da República, respectivamente, sobre os constantes ataques à democracia, e ao atual, pela postura de abertura com proximidade aos temas transversais e inclusão dos GLBTQIA+, se é que na data da publicação não for adicionado nenhuma outra letra. Isto posto, o ano novo Chinês na Liberdade também foi de acordo, muito louco como sempre, aqueles dragões que prospectam a coragem para enfrentarmos o ano que se inicia. Assim como eu, um simples engenheiro e arquiteto, faixa azul de Jiu Jitsu e faixa roxa de Judô, com o joelho recém torcido, desejei aos meus amigos e familiares um feliz ano novo em 01 de Janeiro ou 31 de dezembro, eu e todo mundo que vive na realidade nua e crua, no asfalto, e, também, todos os pobres mortais, alfabetizados em geral, o fizemos achando que estávamos fazendo o correto. Fizemos planos, com aquela sensação de ter um caderno novo em folha, página em branco, para iniciar o ano com pé direito. Boas vibrações independentes de não ter sido circuncisado no oitavo dia de vida, tenho na expressão Mazaltov, meu motivo e inspiração para seguir adiante, seguir andando, fazendo, apontando e pontuando infelizmente as mazelas urbanas que nos envolvem. Em Campo Limpo Paulista, Franco da Rocha e Francisco Morato houve sim mortes, cerca de 30 vidas foram perdidas e ainda há muitos desaparecidos. A arquitetura bem como a engenharia civil, não possuem um ano técnico, não é uma carreira de estado, e tão pouco possui um exame de ordem pra que se gradue o arquiteto ou engenheiro civil, e tampouco possui férias forenses. É neste contexto técnico que se enquadra a Defesa Civil, com predominância destas duas profissões, e que são chamados nesta hora de angústia e sofrimento da população. Não tem glamour, não tem Hakuna Matata, é só trabalho pesado que nos resta desenvolver. Nesta hora somos autoridade, doutores, depois passa. No mês seguinte todo mundo já esqueceu mesmo. E assim vamos, ano após ano, as carreiras tecnológicas relegadas ao terceiro plano. Sim, sim, são importantes, pero no mucho. Do outro lado do mundo a Rússia e a Ucrânia se preparam para continuar por mais um ano a trocar chumbo. Vladimir Putin não aceitou que a Ex-República Soviética tivesse seu patriarcado próprio na Igreja Ortodoxa e muito menos acesso à comunidade europeia, querendo que a ex-colônia se comportasse como colônia. Todos os países civilizados do mundo estão sendo solidários a Kiev e mandando seus representantes à capital Ucraniana para selar essa postura de respeito a independência Ucraniana. Aí vem o Brasil e a Argentina através de seus expoentes máximos, os chefes da nação, juntos com os anões valentes Uruguai e Paraguai, organizam uma cúpula Sul-americana e Centro-americana, onde julgam serem os novos reis e decidem que irão resolver todas as crises dos demais. Peru em guerra civil, Venezuela famélica, e eles próprios com situação de penúria tanto no Brasil como em estágio mais avançado na Argentina. Nuestros Hermanos están “numa draga desgraçada”, mas segundo eles, brotará recursos; nosso recurso provavelmente. E na contramão do mundo, Rússia intensifica bombardeiros contra a Ucrânia. Pra ajudar, tivemos eleição em 2022 onde esse “fujão”, antigo milico chefe da nação, tentando sem sucesso se reeleger, um ex-Juiz de direito eleito senador, culminando com o Ex- Presisiário eleito democraticamente, mas que foi preso por esse mesmo Juiz, ao lado do ex-arqui rival “picolé de Xuxu”, mas que graças a outro juiz, cujo nome tem sido traduzido pelo New York Times de “Big Alex”, criou mecanismos de soltura e descondenação jamais vistos. Entre outros tantos absurdos e com protagonistas retornando das cinzas, réus confessos, também bizarros compondo um governo maluco, com ladrões, retorno de ministério bizarro, um cenário caótico num cardápio onde vai de menos pior, pior, a pior ainda, até péssimo, cenário este já descrito por Charles DeGaule nos anos 1960. Definitivamente o Brasil não é um pais sério. Uma lástima, mas que talvez engraxe a engrenagem propulsora por algum tempo, principalmente pra classe de profissionais da área tecnológica. Sim, é possível evoluir nessas condições adversas. Principalmente porque não haverá COVID 19 para justificar os fracassos e omissões. Outro fato bizarro que pode prejudicar é o fim das profissões regulamentadas que são os médicos e advogados, exceto essas duas. Todas as demais seriam desregulamentadas: engenheiros, arquitetos, psicólogos, dentistas, agrônomos, fisioterapeutas, entre tantas outras profissões, que possam ser exercidas por leigos. Este absurdo creio que não vai acontecer, assim espero. Mas tem gente preparada e torcendo, gente séria. “Allea Jacta Est”, a sorte está lançada. Haja MAZALTOV, Zhu Ni hao Yun, Gambatte Kudassai, Happy NEW Fiscal Year, Chinese, Gregorian, ZIEGEIST, Armagedom, Viva Las Vegas, .aquela do Dead Kennedy´s, não do Elvis Presley.

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